Contrate um estagiário – o sub-emprego na arquitetura
Os arquitetos paulistas estão envolvidos na salvação das cidades e do mundo. Criam Escolas, falam em jornais e revistas e se posicionam enfaticamente sobre a barbárie dos grandes centros urbanos. Talvez preocupados demais com grandes e importantes coisas da humanidade, preocupados com a revolução, se esquecem de serem justos com aqueles que convivem todos os dias.
Os belos edifícios da arquitetura moderna-contemporânea brasileira foram desenhados e, quando não, co-concebidos por sub-empregados: estagiários de arquitetura, normalmente estudantes contratados por salários quase miseráveis.
O sub-emprego na arquitetura é uma prática comum, tradicional, e que acaba por minar o desenvolvimento da arquitetura no país e a consolidação da categoria. Os arquitetos destroem então o próprio mercado e o futuro de sua profissão. E que fique bem claro: não se tratam especialmente de engravatados ligados ao mercado imobiliário, mas de arquitetos supostamente humanistas que rondam a Rua General Jardim; quase todos professores em universidade públicas ou da Escola da Cidade.
Os valores de remuneração são comumente inferiores a R$5 por hora e, quando muito, atingem R$7 por hora. Estamos falando, portanto, em, aproximadamente, US$2,8 por hora trabalhada. Um salário, no Brasil, se consideradas 40 horas semanais, similar ao piso dos lixeiros de São Paulo (sem todos os benefícios) ou de ascensoristas de torres comerciais.
Esses valores tornam-se ainda mais inaceitáveis se analisadas as particularidades da profissão e as formas usuais de exploração desse trabalho. Usualmente, os arquitetos contratantes se valem da abundância (exército de reserva) de estudantes de arquitetura, sedentos por um primeiro emprego e uma experiência de aprendizagem a qualquer custo. Considerando a enorme disponibilidade de vagas em universidades não faltarão trabalhadores para esses cargos. O usual discurso de que os estudantes poderão aprender os ditames da profissão é apenas uma desculpa simplória e confortável para perpetuação desse sub-emprego, uma vez que, como veremos, essa relação econômica exploratória implode a prática profissional como um todo.
Sabemos que muitos estudantes brasileiros chegaram e se mantém nas universidades com grande esforço financeiro. Para eles, a redução das horas livres, espremendo o sono entre os estudos e o trabalho é, muitas vezes, uma necessidade; mesmo com a recompensa de um ou dois salários mínimos. Portanto, seja por uma exploração originada pelo ideário de uma necessidade de aprendizagem, seja por uma questão econômica, se constitui esse sólido exército de reserva.
O sub-emprego, porém, pode ser insuficiente economicamente para alguns e a conseqüência direta disso é a migração de profissionais formados na arquitetura para outras áreas. São poucos aqueles que têm condições ou disponibilidade de serem sub-remunerados. O resultado para a profissão é desastroso: a categoria do arquiteto não consegue se desenvolver socialmente. Além disso, a arquitetura se torna uma profissão elitista em que a ascensão social é praticamente impossível.
Outra coisa muito mais grave acontece com grande freqüência: os estagiários são, na prática, co-autores dos projetos de arquitetura. Ou seja, eles não são requisitados apenas para atividades tradicionais de um estagiário, mas são chamados também para responsabilidades que caberiam a profissionais formados. Os estagiários (esse sub-emprego) substitui então, muito comodamente, a figura do próprio arquiteto. Essa prática é criminosa e acaba funcionando como um golpe de misericórdia, inviabilizando todo o crescimento e a importância da arquitetura no país. Quase que se pode dizer que não existe espaço para novos arquitetos, por uma prática corporativista.
Qual é a explicação da existência do sub-emprego na arquitetura? Com o aquecimento desenfreado da construção civil no Brasil, os arquitetos começaram a ser mais usualmente requisitados. Mesmo assim pode ser exagerado afirmar, apesar de não deixar de ser verdade, que o sub-emprego dos estagiários é uma forma de maximização dos lucros do arquiteto contratante através do rebaixamento do salário dos estudantes. Esses arquitetos contratantes podem não ganhar mal, mas também não ganham bem a ponto de justificar essa teoria completamente. Isso torna a situação ainda mais caricata, porque o explorador também é explorado.
O que ocorre, e isso aprofunda o desrespeito do arquiteto pela própria profissão, é que o custo da remuneração justa do estagiário não é repassado pelo arquiteto para o cliente. Ou seja, o lucro é maximizado por aquele que tem o capital para o investimento. O arquiteto, portanto, funciona como uma espécie de intermediário do processo. O cliente, seja privado, institucional ou público investirá uma quantidade grande de recursos no projeto que o arquiteto está desenhando. Os números no Brasil hoje podem ser assustadores: construções, incluindo taxas e todos os projetos, entre R$2.000/m2 e R$7.000/m2 e terrenos em áreas centrais de São Paulo comprados por valores entre R$2.000/m2 e R$12.000/m2. No Rio de Janeiro, sobretudo na Zona Sul, os valores do solo são ainda mais exorbitantes podendo atingir R$50.000/m2. As remunerações adequadas dos estagiários de arquitetura impactariam o custo da construção, provavelmente, em menos de 0,2% do preço total do investimento. Isso pode ser menos do que a escolha da cor da pastilha dos banheiros. Há um temor, injustificável, que esse acréscimo poderia inviabilizar o projeto, e isso, um bom arquiteto oportunista, não pode aceitar, a qualquer custo; não pode correr esse risco. O arquiteto então atende antes a necessidade exploratória mesquinha do cliente do que a defesa de sua própria categoria, seu próprio saber-fazer, sua própria profissão.
Além disso, a existência desses sub-empregos na arquitetura é um reflexo do desprezo da sociedade pela figura do estudante. Em vez de se garantir condições dignas de pesquisa, o estudante é aquele que pode ser explorado. É aquele que pode levar tiro de borracha em manifestação contra o preço abusivo do sistema de ônibus subsidiado de São Paulo sem que nenhuma linha seja impressa nos jornais. É aquele que pode ser sub-empregado sem remorsos.
Post enviado e escrito por Gabriel Kogan
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pelos meus tempos de estagiário, diria que o grande furo existe porque os arquitetos não sabem / não conseguem cobrar direito por seu trabalho, como você também menciona – daí o lucro do escritório depende de economias comezinhas como a redução da remuneração de estagiários, a pressão por trabalho mais rápido mesmo que mais alienado, a minimização da impressão de plantas e da realização de modelos e maquetes. muito dessa impossibilidade de cobrança justa existe se dá pela falta de prestígio da profissão e pela absoluta ignorância de como funciona e para que serve sua produção. para isso, a atuação dos ´arquitetos humanistas´ é um passo importante por tornar pública a pauta da profissão.
agora, perverso mesmo é quando se pede ao estudante que se trabalhe de graça. perverso e arrogante. humilha os que topam subir no barco furado e os que não podem trabalhar onde desejam pois não podem abrir mão de pelo menos receber para pagar transporte e alimentação.
Se isso acontece em uma cidade como a de São Paulo imaginem em Maceió, lugar onde me formei em arquitetura e moro até hoje. Aqui os estagiários de escritórios quando recebem meio salário mínimo já é muito e o pior é quando a pessoa se forma e não consegue trabalho cuja remuneração seja maior do que um salário mínimo. Depois de passar 5 anos sem dormir e perdendo cabelo a pessoa finalmente se forma para receber um salário mínimo. As lojas de móveis fazem questão de contratar arquitetos, mas não se preocupam em pagar um fixo compatível com a profissão, nos transformando em vendedores. Por este motivo eu estou pensando ultimamente em mudar de ramo, mesmo sabendo que eu poderia ser uma grande arquiteta. Outra questão que percebi é que ser autônoma não é fácil se vc não for de família conhecida ou se não tiver quem o ajude, pois esperar clientes que confiem em seu trabalho simplesmente pq foram com a sua cara é muito cansativo.
Sejamos realistas: Quem pode reverter essa história rapidamente é o CAU!!!
Mas não senhores, o próprio CAU não remunera os arquitetos regularmente!!!
No edital para recrutamento de profissionais do CAU 2013, o arquiteto receberia -não lembro exatamente – entorno de 3,500 reais!!! , enquanto o profissional de ADM receberia em torno de 5.000!!!!
Dá pra seguir uma regulamentação desse jeito?!
eu já ouvi falar de quem ganha R$3,50 reais por mês atualmente. E olha que eu ganhava R$4,50 por mês em 2003.
A solução é big-stick: ou se aprova por lei um piso para projeto de arquitetura – seja por R$/m² ou seja um piso mínimo, baseado em tipologia, ou seja pela metragem do terreno (logo potencial construtivo, para amordaçar os especuladores). Ninguém vai dar de “virgem no puteiro” sem que venha alguém pra obriga-los. Mas isso não vai acontecer se o próprio governo, através de suas fundações ou secretarias de planejamento fazem uso de valores tão baixos a fim de fugir de uma necessidade de licitação. Não os culpo, já que as licitações são (ou eram, vamos ver se a regra permanece como foi alterada recentemente) baseadas nos preços mais baixos ou simplesmente já são cartas marcadas.
O buraco é bem lá embaixo. Mas eu acho que tudo isso não justifica explorar funcionário como se faz por aí.
Gabriel a profissão é elitista porque, mal ou bem é a elite que consome arquitetura, se a remuneração de projeto de arquitetura passasse perto do que você estipulou aqui eu poderia pagar salário de arquiteto para estagiário… poderia mas não faria. Ainda prefiro arquitetos. Se no universo de profissionais de arquitetura que existem é difícil achar um bom arquiteto, infelizmente, e acho que você concordará comigo, mais difícil será achar um estagiário que valha a pena todo o tempo e dedicação para transferência de conhecimento.
eduardo, lamento que voce ache que o mercado de sao paulo esteja tão ruim de profissionais. pelo que ouço aqui no rio é que sao paulo é superior ao nosso mercado daqui. vejo pelos amigos de faculdade que temos exelentes estagiários(arquitetos) e, logo, pelo que dizem de sao paulo, os profissionais de sao paulo sao superiores.
em segundo lugar, tem “pobre” que procura arquiteto pra projetar, menos que “ricos”, mas tem. logo, elitista é boa parte dos profissionais que podem se bancar durante o curso. nada contra nenhum deles, tenho bons amigos “ricos e pobres”.
acho que independente de qualquer coisa é como se vê o profissional da arquitetura, seja formado ou estagiário. como pagamos a esses sujeitos? nao é porque um sujeito é “rico” que deve receber pouco! acredito que deve receber o justo pelo que faz, seja arquiteto ou estagiário. separemos o joio do trigo, se um arquiteto é um mau profissional, que receba o justo pelo seu trabalho. logo, se um estagiário é bom, que receba o justo pelo seu trabalho, que pague a ele o mesmo que se pague a um arquiteto. trata-se de justiça!
ainda tenho muita coisa pra falar, mas tenho que ir trabalhar, mesmo no carnaval!
abraços a todos.
p.s nao é nada pessoal, só meu ponto de vista!
é graças a arrogância de “profissionais” como você que a arquitetura no brasil é uma profissão ridicularizada.
O maior erro é achar que só ricos consomem arquitetura… a arquitetura está no cotidiano das pessoas, a “não-arquitetura” também é uma arquitetura. Há colegas de profissão, na sua arrogância, acham que produzem arquitetura, mas produzem erros. E o estagiário tem um papel fundamental no escritório: trazer novos ares, coisas novas. E cabe a nós saber explorar isso: é um troca-troca. A gente ensina, mas também aprende! Não há uma transferência de conhecimento, há um compartilhamento de conhecimento!
Pior é ver que os profissionais compactuam e alimentam a mediocrização da profissão. A situação atual da arquitetura no Brasil é fruto de um total abandono por parte de seus profissionais. Após a faculdade é cada um por sí. É fácil ver alguém projetar uma loja para um grande shopping, que custará uns R$ 80.000 (ou mais) ao cliente e receber uns míseros R$ 3.000 (ou menos) pelo projeto, que envolve todo aquele trabalho que conhecemos, inclusive de acompanhamento de obra. São todos culpados, inclusive eu, que nem comecei e que provavelmente serei engolido por este processo já instituído. Ainda frequento o banco da universidade…
Abraços,
Pior situação é quando o estudante estagia em alguma divisão dentro da própria universidade e ganha de 3,50 a 4 reais / hora. A própria faculdade acaba desestimulando o estudante que, alguma vezes, chega a quase pagar para trabalhar. Se forem somados os custos adicionais de transporte e alimentação que uma jornada dupla estágio-faculdade gera, rapidamente pode-se perceber que o salário não dá.
Os custos de uma faculdade de arquitetura já são altíssimos se comparados aos demais cursos (plotagens, materiais, papéis especiais, lápis e canetas especiais etc) e o que se paga ao estagiário é muito baixo. Com tudo isso, não é estranho se imaginar a quantidade de estudante que é obrigado a sair da faculdade por não poder arcar com essas despesas. Muitas vezes são ótimos estudantes e profissionais que são impedidos de produzir arquitetura de qualidade. Ele perde, a universidade perde, as empresas perdem e a arquitetura brasileira perde.
eu me lembro, em belo horizonte, na época de estudante que um arquiteto notável da cidade pagava meio salário mínimo para o estagiário… e a quantia era de cerca de 180 reais. um completo absurdo.
a valorização da profissão deve sim acontecer dentro do próprio escritório.
tenho muitos amigos arquitetos que trabalham na área de vendas e marketing. Eles foram para estas áreas porque cansaram de ganhar pouco. Eu acho que chega um momento da vida que cansamos de tentar trabalhar nos escritórios de arquitetura, por que não somos registrados e portanto não temos como comprovação de renda. A minha saída desta solução foi me abrir para novas atividades que estão “um pouco relacionadas com arquitetura”. Eu já trabalhei numa loja de decoração muito conceituada…já trabalhei com turismo e tenho estudados sobre o assunto. Também já prestei consultoria e treinamento para lojistas….estou estudando sobre projetos turísticos….já fiz vários intercâmbios internacionais. Enfim, eu vivo a arquitetura do meu jeito!! não apaguei o meu sonho…mas busquei uma terceira solução!! e não fico confinada numa sala trabalhando com CAD. Isto não é arquitetura, isto é escravidão!!!!
É Eduardo, achei bacana você ter postado aqui, nos trouxe uma ilustração do perfil de profissional do qual o texto trata. Mas não se sinta só. O Brasil está cheio de profissionais como você (lamentavelmente).
Muito pertinente seu texto, Gabriel.
Concordo com vc em todos os aspectos, mas ressalto o que onsidero ser o mais cruel; a reprodução na arquitetura da lógica capitlista que tantos humanistas, como nós arquitetos, criticamos. Vejo colegas e amigos, estagiários e recém-formados (não podemos esquecer que esse grupo é explorado igualmente) recebendo salários abusivos de escritórios renomados, que “cumprem” o seu papel social com projetos como escolas públicas, hospitais, reurbanização de áreas críticas, conjuntos habitacionais que buscam ter qualidade; enquanto seus chefes, esses mesmos arquitetos engajados e conscientes, compram carros de 50/70 mil, viajam (não a trabalho) pro exterior todo ano, moram em Higienópolis, Jardins, Alto de Pinheiros…
O problema em si não é comprar carros caros e morar em bairros com o m² custando 9 mil. O problema é faze-lo com o que deveria ser o salário de seus funcionários. Sabemos que isso é comum. E é uma realidade totalmente injustificável.
O mesmo vale para os escritórios menos engajados socialmente; que trabalham basicamente pras elites e pro setor privado. Boa parte destes, formados pela minha faculdade, a FAU Mackenzie.
Gabriel,
Sou estudante de arquitetura no Mackenzie, e, pelo visto, essa pauta de exploração dos estagiários está tomando todas as universidades. Porque não pensarmos em uma forma de agir contra esse descaso para com a gente?
Sei que de fato existem muitos outros estudantes que tomariam a vaga aceitando valores ínfimos de bolsa auxílio, só que acredito que se nos organizarmos de verdade poderíamos mudar o quadro atual. Se FAU USP, FAU MACKENZIE e ESCOLA DA CIDADE aderirem a uma paralização ou algo do gênero, os escritórios sentiriam a porrada necessária a uma mudança de paradigmas.
Infelizmente, esse abuso não está restrito ao estudante ou estagiário de arquitetura. O subemprego se estende alguns anos para arquitetos formados, que aceitam trabalhar sem vínculos empregatícios, sem ART, sem nota fiscal, sem direitos trabalhistas quaisquer e ganhando até 50% menos que o previsto em lei (Lei4950-A/66, sim, de 1966) que estipula um salário de 8,5 salários mínimos para 8 horas diárias.
Já testemunhei o cúmulo de ver arquitetos com mais de 2 anos de formação ganhando o mesmo que estagiários.
A maximização dos lucros é logicamente um dos motivos para esse absurdo, mas acredito que haja uma certa auto-desvalorização do profissional, que a partir do momento que aceita trabalhar sob tais condições, alimenta o processo, num ciclo sem fim. Acredito também que não há uma cultura de “classe” entre os arquitetos (CREA?? ahah CAU? Será?), como há em outras profissões, que estabelecem condições mínimas de trabalho.
Mas calma, não estamos sós, isso existe em diversas outras profissões, e acho que também é um reflexo da realidade trabalhista brasileira, que precisa de uma reforma, urgentemente. É tão caro seguir as regras, tanto para o empregador, quanto para o empregado, que essa situação só tende a se perpetuar, enquanto não exigirmos nossos direitos.
Além disso, não está restrito a terras nacionais, isso existe em todo o mundo, starchitects do mundo todo adoram essa prática, e estudantes do mundo todo fazem fila para trabalharem de graça em seus escritórios, às vezes por anos.
http://pimpingarchitects.blogspot.com/
Gente, a verdade é a seguinte: nós não sabemos quanto o nosso trabalho vale. Enquanto NÓS, arquitetos, estudantes, não RECUSARMOS essas propostas absurdas, valorizando nosso trabalho, sabendo o valor real dele, essa situação dificilmente vai mudar. Isso se reflete nos preços cobrados pelos projetos, na ideia que o cliente tem da real importância da arquitetura. Enquanto não soubermos nosso valor, ele continuará lá embaixo. Acho que está mais nas nossas mãos que na dos contratantes. Não acham?
Oi,
Que alivio ver que não todo mundo quer aceitar essas situações sem exprimir nenhuma revolte!! Não seria o papel dos sindicatos e do ordem dos arquitetos de fazer uma reglemntação exigindo uma remunéração minimal pelos arquitetos formados? Para não bloquear o mercado as escolas deveriam gerenciar os estagios e impor tambem uma remunéração minimal funcão do nivel de graduação e do tempo passado na empresa…
Idealista? Com certeza, mas é assim que as coisas podem evoluir com o tempo…
Parabéns pelo artigo.
Insano, muito bom rapaz, parabéns.
Ahahaha, adorei esse post e ver que as problemas que a gente pode sentir aqui na França são os mesmos là… O “estagiaro sub-empregado” é um fato international e isso não serve a imagem dos arquitetos e das empressas de arquitetura qualquer pais seja… O arquiteto hoje em dia não é formado a dirigir uma empresa e a pensar seu projeto num visão economica, porem indispensavel para ser profissional e gerenciar a empresa no tempo…
Espero que um dia as escolas não aprende a gente so crear mas tambem fazer o management duma agencia… Ajudaria a profissão a se desenvolver mas civicamente…
JÁ ESTOU PREPARANDO O ESPÍRITO PARA AS EXPLORAÇÕES DOS FUTUROS COLEGAS DE PROFISSÃO. AFINAL, ESTAGIAR SE FAZ NECESSÁRIO. PARABÉNS PELA ELOQUÊNCIA DO ARTIGO. SE ME PERMITE VOU DIVULGÁ-LO NA MINHA TURMA EM FORMA DE PROTESTO.
Gabriel, proxima vez que a gente se encontrar eu te conto a crônica da meu aumento de zero pra R$80 mensais num escritorio de design.
Trabalho na General Jardim como Arquiteto e não acontece dessa forma que foi descrita.
O salário dos estagiários realmente giram em torno do que foi falado, mas eles não assumem papéis decisivos e, acreditem, eles aprendem, sim, sobre a profissão. Quem dera, eu não tive essa oportunidade no tempo de faculdade por conta da região em que estudei, e se tivesse, teria aproveitado. Hoje, acredito, saberia um pouco mais sobre o universo arquitetônico.
Ao contrário do que foi escrito, uma opinião parcial, eu concordo com alguns aspectos. Nem tudo é tão linear assim. Mas, se querem fazer protestos, não apontem os dedos para alguns poucos (Universidade Pública, Escola da Cidade ou Rua General Jardim). Conheço professores de faculdades particulares que praticam os mesmos atos e comportamentos. Vale, ainda, lembrar que não só do centro de São Paulo, mas profissionais ou professores de outras localidades praticam as mesmas maneiras. Conhecimento de causa: Faria Lima, Vila Madalena e Pinheiros. Não aponto ninguém, a cidade inteira, em si, pratica o mesmo comportamento. Fora de São Paulo também (de onde venho), ocorrem os mesmos problemas. Como será em outras regiões brasileiras? O problema é muito generalizado para restringir os apontados.
E o CREA, o que acha disso? CAU existe?
Realmente lixeiros e ascensoristas de torres comercias ganham muito pouco no Brasil. Esse sim é o grande problema do texto.
Concordo, quando li esse texto fiquei meio incomodada. Ele debate um tema relevante, mas com uma abordagem e algumas relações desnecessárias.
Eu estou abandonando a profissão de arquiteto (algo que venho querendo fazer a um bom tempo), comecei uma faculdade na área de TI em 2009 e devo terminar o curso agora em 2012 se der tudo certo espero estar exercendo o novo oficio já no próximo semestre. Eu me arrependo amargamente de ter feito arquitetura só fiz perder meu tempo e dinheiro com essa área, o arquiteto hoje é muito mal preparado pelas universidades que insistem em formar “humanistas” sem a menor visão técnica, econômica e empresarial da área, alguns se libertam dessa formação e se tornam grandes empresários (eu mesmo já trabalhei para alguns arquitetos assim), pelo que pesquisei isso acontece no mundo todo, é uma profissão que hoje se prende demais ao historicismo e aos louros da formação, os arquitetos são muito resistentes em adotar metodologias de trabalho como por exemplo o gerenciamento de projetos e aderir a novas tecnologias computacionais (o uso do AutoCAD por exemplo que é um software ultrapassado, sendo que hoje vc possui a tecnologia BIM), isso e muitas coisas acabam se refletindo na forma como muitos trabalham e remuneram estagiários e afins.
Gostaria de deixar uma mensagem clara e objetiva.
Deveríamos ter um controle sobre a quantidade de arquitetos formados.
A UFRJ onde me formei, inicialmente tinha 60 alunos por semestre e era a única do RJ. Depois surgiram as universidades privadas. Depois o governo resolveu aumentar a 120 alunos e depois pulou para 180 e mais tarde 240.
Hoje a UFF e UFRRJ tornaram-se mais duas universidades com o curso.
E as particulares cresceram mais ainda.
Como o controle não vai ocorrer é melhor mudar o foco, como é meu caso fui trabalhar com obras.
Lá nos USA, eles tem controle de salario da categoria, quando cai eles forçam a diminuição do n° de vagas para entrada nas universidades.
Quem puder que pule fora da arquitetura enquanto é tempo !!!!!
É uma infeliz realidade !!!
Eu acredito que deverá ser feita uma proteção ao salário do Arquiteto pensando em algo similar a feita pelos advogados (prova da OAB).
Descartar uma parte dos arquitetos para manter-se viva (a melhor preparada) uma outra.
Na verdade há no mundo 1/4 de vagas de trabalho para os habitantes do planeta. Começa por aí o problema !!!! Os outros 3/4 são os desolados !!!
Todo mundo sabe que o estagiário é somente a ponta do iceberg. A verdade é que, ao sair da faculdade, o novo profissional tem que “se virar”. Então surge a dúvida: o que fazer? Ficar sonhando com melhores condições de trabalho ou ir à luta, mesmo com todas as injustiças? Cobrar o preço justo ou simplesmente pegar o serviço para fechar o mês? Porque, querendo ou não, as contas continuam vindo. Não é tão simples assim.
É claro que existem as exceções, mas querendo ou não um estagiário deve sempre ser encarado como um investimento. Estou falando aqui dos profissionais que se interessam realmente em ensinar o estudante, pagando cursos, investindo tempo e dinheiro na formação do futuro profissional. O problema é que, depois de um ano (ou 6 meses, dependendo do caso), o contrato acaba e você tem que começar o processo do zero, justamente quando seu investimento estava começando a dar retorno. É muito complicado.
Falo por experiência própria, pois trabalhei sem carteira assinada até os 28 anos. Tinha que me virar, moro sozinho desde os 18 e pagar as contas não é fácil. O que fazer no meu lugar? Ficar brigando por um emprego com carteira ou aceitar aquele que me sustenta? Pensando agora no outro lado da moeda, um emprego com carteira custa o dobro para o empregador. O salário base de um arquiteto gira em torno de R$4.600,00, ou seja, um arquiteto registrado custaria no mínimo R$9.200,00!!! Que escritório de pequeno/médio porte tem condições de pagar isso? Enquanto não mudarmos a legislação trabalhista, tirando os encargos de quem emprega, não adianta ficar discutindo o que é justo ou não. No final, o lucro fica uma boa parte com o cliente, uma grande parte para o governo, uma pequena parte para o empregador e um nada para o empregado.
Boa tarde,
Sou estudante de arquitetura aqui no Rio de Janeiro, e estou estagiando numa das maiores empresas do mundo, a PETROBRAS. Não pensem que por isso ganho melhor, pois o meu salário é de R$ 1.000,00 e nada a mais, sendo 160 horas de trabalho por mês.
Nem reclamo tanto pois é meu primeiro emprego, e R$ 1.000,00 ate asta sendo bom, mas esses dias estava fazendo as contas e:
PARA O TRABALHO: 8:00 às 17:00
Passagem: R$ 136,40 ( R$ 6,20 por dia)
Alimentação: R$ 330,00 (R$ 15,00 por almoço)
PARA A FACULDADE: 18:30 às 22:00
Passagem: R$ 55,00 ( R$ 2,50)
Alimentação: R$ 88,00 ( R$ 4,00)
Total gasto: R$ 609,40
Sendo que estou em uma faculdade particular que me custa 600,00 por mês, mesmo tendo 50% de desconto
Me sobra no final do mês 9,40 (QUE FORTUNA)
mas que desilusão a minha lendo tudo isso.
é longo o texto mas é a história da minha vida, de ante mão concordo com tudo o que está escrito acima, mas por favor leiam:
gente é isso mesmo, a realidade dura e crua, eu me formei em 2004, trabalhei 3 anos numa empresa que desenvolve layout’s comerciais, ganhava como auxiliar administrativo em torno de 1.200 reais/mês, mas na hora de falar com os empresários das grandes redes, na cobrança do meu chefe, eu tinha que ser arquiteto, mega criativo e super dedicado, enfim, depois de 3 anos sai da empresa, fui “garimpar” como dizem por aqui, fiquei uns 3 meses sem nada pra fazer com meu seguro desemprego, sem ter como poder alugar uma sala comercial, meu escritório era na minha casa, fiquei trabalhando assim por mais 3 anos, com projetos esporádicos, as vezes 2 trabalhos por mês e depois ficava 2 meses sem nada, fazia orçamentos e mais orçamentos mas não fechava quase nada. O tempo foi passando e parecia que nada acontecia, então comecei a pensar em desistir da profissão, fui atras de emprego em qualquer área, mas descobri que meu currículo de arquiteto não serve pra mais nada, era uma formação especifica, fiquei preso na condição de trabalhar como vendedor em lojas de materiais de construção, nas lojas de modulados ganhando um salário mínimo ou em construtoras mercenárias que queriam me pagar 1.500 reais / mês com seus mega empreendimentos de milhões, onde só os investidores ganham e eu era o escravo do sistema, vendo isso tb desisti e persisti como autônomo, pois pensei se é pra pagar pra trabalhar prefiro não trabalhar, mas as contas vinham todo mês, me endividei e pensei que nunca mais iria me recuperar, meus colegas a maioria que se formou da elite da minha cidade trabalha nas empresas de seus pais, como sócios, gerentes, diretores, eles na verdade nem precisariam da arquitetura, são arquitetos por status eu acho, sei lá…
mas enfim, quando decidi de vez em largar tudo, chutar o balde, mandar tudo pro espaço, veio uma voz e me disse que a persistência era a chave do sucesso, isso mexeu comigo, queridos colegas que estão lendo isso, digo a vocês, depois de 7 anos, onde eu achava que não ia mais acontecer, meus sonhos já estavam sendo anulados, a coisa ironicamente começou a acontecer, veio um cliente, esse indicou o meu trabalho para outro, e resumindo, 80% dos meus clientes vieram pela indicação de outros clientes, hj com 11 anos de formado, me estabeleci na minha cidade e região, tenho sala propria, carro importado, minha casa, familia (esposa e filho) dois estagiários, e digo eles são comissionados, o péricles esse mes ganhou 4.300,00 reais pelo trabalho dele, e ele fica no escritorio só 3h/d.
é isso mesmo, com a persistência estou vencendo e descobrindo o sucesso na minha vida, o que me deixa mais feliz é o olhar de satisfação dos meu clientes, gente nós realizamos sonhos, são os clientes que precisam de nós, não a gente deles, cobro bem e tnho 6 meses de fila de espera, caramba tm gente me esperando 6 meses pra fazer projeto comigo, aki no escritorio M2E a gente projeta, executa e administra todas as obras….DESEJO SUCESSO A TODOS, POR FAVOR NÃO DESISTAM, FAÇAM PARCERIAS COM LOJAS, IMOBILIÁRIAS, EMPRESÁRIOS, EU DEVO TUDO ISSO A DEUS QUE ME ABENÇOOU E MUITO ME DEU FORÇAS PARA PASSAR MOMENTOS DE DESERTO…BJAO A TODOS E PARABENS PELO ARTIGO, vamos lutar pela nossa classe, vamos nos unir, sega de prostituição!!!!
Nossa gente… Esse post aqui há quase 3 anos e a situação ainda é a mesma, né? Estava mesmo pesquisando sobre como dar passos nessa carreira e vim parar aqui.
Me formei em junho e agora estou tentando entrar no mestrado, tanto por gostar da carreira acadêmica quanto pela estabilidade que ela pode trazer. Enfim… Trabalhar como arquiteta tá difícil, e olha que sou de cidade pequena, onde se você não faz parte do círculo dos ricos da cidade, ninguém te dá apoio… Às vezes bate um desânimo, porque é isso mesmo, as contas vem e você tem que se virar. Ganho mais fazendo trabalhos com design gráfico do que com arquitetura, imagina!
Vi tantos comentários de pessoas na mesma situação, mas pelo menos o último comentário que estava aqui era do Marcello Lima!! Ainda bem! Me deu esperança, boa esperança!
Acho que se a gente acredita na nossa profissão, não pode desistir mesmo… eu acredito!
Colocando o dedo na ferida…Parabéns!
Muito bom o escrito.Sem dúvidas,se os estagiários tivessem melhor remuneração, a profissão seria mais solicitada,seria um benefício para a arquitetura. Pagar pouco para quem
é da mesma profissão é denegrir-se, é diminuir a categoria toda.Deveríamos ir contra esta exploração feita pelos grandes escritórios(nem todos)aos estudantes de arquitetura.
“Cada macaco no seu galho”. A maioria dos escritórios de arquitetura contratam cadistas ou “revitistas” para estágio. Não acredito que são contratados para serem estagiários de arquitetura. O estagiário de arquitetura pleno deve também contribuir para a composição do programa e meios de composição da arquitetura que é formulado junto ao cliente. Claro que observando as devidas limitações do estudante. Mas deve ser inserido nessa etapa. Aí são poucos escritórios que permitem isso, por várias razões, que não vale no momento comentá-las aqui. Em função dessa realidade vivem só no mundo da geometria(desenho).Portanto nos contratos de estágios deve constar a real função do estagiário: participar do programa e dos meios de composição da arquitetura e não de desenhos (CAD).A não ser que queira trabalhar de cadista também, mas não reclame do salário, pois geometria, até meu sobrinho secundarista sabe.
Texto excelente. E devemos ainda considerar que todo o tempo empregado para fazer estágios, sobretudo os estágios pré-,maturos de 1ª a 7ª etapa, é subtraído da formação do futuro arquiteto.
Línguas, leituras, literatura, viagens, exposição…
Não será depois de formado que o jovem profissional terá tempo disponível para cuidar de sua formação extra-curricular básica.
Eu achei q essa situacao ja tinha mudado com a nova lei do estagio, ja q eu passei por isso a 14 anos atras. Cheguei a ouvir de arquiteto da minha cidade la no interior q estagiario nao da lucro entao ele nao contratava!!!!
Essa situação não é assim para todos. Sou arquiteto, trabalho em empresa privada, porte médio e sou muito bem pago, tenho bom salário, e várias regalias: carro alugado, aluguel, telefone, nextel, e ainda recebo PL considerável . Não tenho nenhum arrependimento pela escolha, pelo contrário, tenho tido um ótimo retorno…tenho 6 anos de formado. O importante é se especializar e não desistir…