Ideologia e consciência de classe: a concepção epifenomênica
“Embora o conceito de ideologia fosse, inicialmente, empregado por Marx e Engels no contexto de sua crítica aos jovens hegelianos, ele adquiriu, subsequentemente, um papel mais geral na caracterização, feita por eles, da estrutura social e da mudança histórica. Esse papel mais geral está já evidente em ‘A ideologia alemã’, na medida em que Marx e Engels começam a ligar a produção e difusão das ideias à relação entre classes. “As ideias da classe dominante”, dizem eles a certa altura, “são, em cada época, as ideias dominantes, isto é, a classe que tem a força material na sociedade é, ao mesmo tempo, a sua força intelectual dominante” (Marx & Engels, The German Ideology). Essa passagem deixa entrever o desenvolvimento de uma nova concepção de ideologia, uma concepção que emerge mais claramente, do prefácio a ‘Uma contribuição à crítica da economia política’, de 1859, e em outros lugares. Podemos descrever esta nova concepção como a “concepção epifenomênica”, pois ela vê a ideologia como dependente e derivada das condições econômicas e das relações de classe e das relações de produção de classe. Ideologia de acordo com a concepção epifenomênica, é um sistema de ideias que expressa os interesses da classe dominante, mas que representa a relações de classe de uma forma ilusória. A ideologia expressa os interesses da classe dominante que, num período histórico particular, articulam as ambições, os interesses e as decisões otimistas dos grupos sociais dominantes, à medida que eles lutam para garantir e manter sua posição de dominação. Mas a ideologia representa relações de classe de uma forma ilusória pois que estas ideias não representam acuradamente a natureza e as posições relativas das classes interessadas; ao contrário, elas representam mal estas relações, de uma maneira tal que favorecem os interesses da classe dominante.”
John B. Thompson in Ideologia e Cultura Moderna. Editora Vozes, 2000. p.54.
Post enviado por Gabriel Kogan
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