A Natureza Não Existe – Slavoj Zizek
“A fraqueza fundamental da resposta ecológica mais usual é sua economia libidinal obsessiva: nós precisamos fazer tudo para que o equilíbrio dos circuitos naturais seja mantido, para que algumas terríveis turbulências não descarrilhem a regularidade estabelecida dos caminhos da natureza. Para nos livrarmos dessa economia obsessiva predominante, precisamos dar um passo adiante e renunciarmos a ideia de ‘balanço natural’, supostamente afetado pela intervenção do homem enquanto a “natureza adoece até a morte”. Homólogo a preposição lacaniana de que a “Mulher não existe”, nós devemos talvez afirmar que a Natureza não existe: não existe como um circuito periódico e balanceado, jogado para fora dos trilhos pela inadvertência humana. A própria noção do homem como um “excesso” em relação ao circuito equilibrado da natureza precisa ser finalmente abandonada. A imagem da natureza como circuito equilibrado é nada mais que uma projeção retroativa do Homem. A lição está na recente teoria do caos: a “natureza” já é, ela mesma, turbulenta e desequilibrada; sua “regra” não é a oscilação em equilíbrio ótimo sobre um ponto constante de atração, mas uma caótica dispersão dentro dos limites do que a teoria do caos chama de “atrator”, uma regularidade dirigindo o próprio caos.”
Slavoj Zizek in Looking Awry: An Introduction to Jacques Lacan through Popular Culture. 1992
Traduzido e postado por Gabriel Kogan
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