O MASP segundo Lina Bo Bardi

23nov13

Uma resposta que vem do passado, um passado vivo, daquele que tanto gostamos. Não é o passado do jornal, nem o passado do IPHAN. Mas o passado que nos levará ao sonhado futuro. O futuro dos Homens-Livres. Lina Bo Bardi respondeu em 1972 aos recente editorial do jornal O Estado de S. Paulo (http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-preciso-preservar-o-masp-,1098579,0.htm):

“Uma nova arquitetura deveria ser ligada ao problema do Homem criador de seus próprios espaços. De conteúdos puros, conteúdos que criassem as próprias formas. Uma arquitetura nas quais os Homens-Livres criassem os próprios espaços. Esse tipo de arquitetura requer uma humildade absoluta da figura do arquiteto, uma omissão do arquiteto como criador de formas de vida, como artista: a criação de um arquiteto novo, um homem novo ligado a problemas técnicos, a problemas sociais, a problemas políticos, abandonando completamente toda aquela enorme herança do Movimento Moderno que acarreta umas amarras enormes, essas amarras que produzem a atual crise da arquitetura ocidental. Eu digo ocidental porque o Brasil está tomando parte de uma crise geral da arquitetura que não é somente brasileira, uma crise de formalismo, de pequenos problemas, de involuções individuais que nada tem a ver com os problemas da humanidade atual, do Homem atual.

Pessoalmente quando eu fiz o projeto do Museu de Arte de São Paulo minha preocupação básica foi a de fazer uma arquitetura feia, uma arquitetura que não fosse uma arquitetura formal, embora tenha ainda, infelizmente, problemas formais. Uma arquitetura ruim e com espaços livres que pudessem ser criados pela coletividade. Assim nasceu o grande belvedere do Museu, com a escadinha pequena. A escadinha não é uma escadaria áulica, mas uma escadinha-tribuna que pode ser transformada em um palanque. A maioria das pessoas acha o Museu ruim; e é mesmo. Eu quis fazer um projeto ruim. Isto é, feio formalmente e arquitetonicamente, mas que fosse um espaço aproveitável, que fosse uma coisa aproveitada pelos Homens.”

Depoimento em filme de Lina Bo Bardi, 1972

Imagem

(fotomontagem : miniatura; bruna canepa & ciro miguel; sobre o recente editorial do jornal)

Post por Gabriel Kogan

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